Aulas de surf

22:13 A papaqueijo 0 Comments

O mar visto de dentro, para mim, é algo assim:

Sempre cheia de coragem e achar que, agora é que vai ser, avanço para ele sempre a correr, no meu melhor estilo a Baywatch. Quando aparecem as primeiras muralhas, a rebentarem-me pela cintura, reduzo a velocidade para o quase parada. Seguro a prancha como se de uma arma de guerra se tratasse. Vou conquistando terreno, passo a passo. Até que... perco logo terreno, voltando muitas vezes à casa de partida, simplesmente porque subestimei uma ondinha, vá lá, uma onda.
Agarro novamente na prancha como se de um pequeno tesouro se tratasse e, vou com ela em mãos, até ter o mar mais ou menos pelo umbigo e depois, salto para cima dela. Dou breves braçadas e rapidamente fico estafada. Paro para recuperar forças e apreciar a paisagem, quando avisto uma ondinha vá pronto, a bolsa de água em forma de mostro pronta a derrubar-me, penso mesmo assim que a vou conseguir ultrapassar e então decido hostilizar, esquecer as técnicas de sobrevivência aprendidas nas aulas teóricas e avanço em direcção a ela. Resultado (quase sempre): Volto a casa de partida, embrulhada, enrolada e por vezes com sérios riscos de levar com a prancha na cabeça.
Agarro mais uma vez na prancha, já maçada, decido entrar em diálogo com o mar, peço-lhe carinhosamente para que me deixe avançar, considero uma batalha ganha, quando ultrapasso cada perigo (onda), quando dou mais um passo (remada), quando avanço.
Se consigo o feito de lá chegar, então respiro fundo e aproveito o balançar das ondas para recuperar forças, por vezes, chego a entrar no sono, mas lá vem uma agitação mais intensa que me salpica e me faz voltar ao mundo real. Acordo, decido sentar-me na prancha para apreciar as vistas. E quando deslumbro a onda (que para mim, é mesmo qualquer uma), preparo-me e decido que é nela que vou fazer-me a caminho.
Por vezes uso os joelhos, outras vezes faço como realmente deve ser feito e, levanto-me, é por muito pouco tempo, não sei se dura um segundo, mas a verdade é que tudo junto já devo ter chegado aos 4 ou 5 segundos em pé na pracha. A maior parte das vezes, fico-me pela intenção de levantar e sou arrastada até a casa da partida.

Depois é começar tudo de novo, outra vez.

Por isto, eu gosto de surf e até acho que tenho pinta de surfista à minha maneira, está claro. Mas não é este o desporto que me faz dizer uauuu.

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