Não gosto, não
Estou eu descansada da vida, a olhar para as prateleiras à procura do que me tinha motivado deslocar até ao hipermercado, quando oiço uma voz familiar dizer:
-Ajuda o papá a virar o carro para este corredor, temos de ir ali cumprimentar aquela menina bonita.
Se podia ter ficado satisfeita com aquele comentário, até que podia, não fosse o comentário ter sido dito por um ex-colega do curso de formadores (E uí, onde isso já lá vai).
Era ele, o chato, que me irritava com as piadas parvas sobre mulheres e outras vá, o chato que me irritava porque achava que essa seria a melhor forma de conseguir fazer o curso. E a pior forma de eu fazer o meu. (Um chato fixe, até que tenho de concordar, que diga o meu clã, que por várias vezes ponderamos juntar esse chato, ao nosso clã).
Tivemos um minuto de conversa circunstancial, do género então que tens feito e blá blá blá, quando e de repente ele diz-me:
- Este (um mulatinho, demasiado pequenino e giro para já caminhar, mesmo fofinho, daqueles que apetece fazer cuchi-cuchi) é meu filho. Fiquei de queixo caído, até porque conhecia a mulher e sabia que ela era “branca” (sem qualquer tom de racismo, por favor, apenas me passou pela cabeça que ele a tivesse trocado). Mas não, porque ele continuou.
- Adoptei a 3 meses, é guineense, mas agora é o meu filho.
Provavelmente a conversa até evoluiria para outras circunstanciais, mas a palavra: “ADOPTEI-O” bombardeou-me a cabeça e não consegui parar de pensar nos (verdadeiros e genuínos) filhos dele.
Tenho medo, tenho muito medo que isso me aconteça… não quero mais irmãos, muito menos falsos irmãos. NÃO QUERO.
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