I, what else!?

15:52 A papaqueijo 0 Comments

O tema do debate de ontem foi: “Os futuros magistrados apanhados a copiar”. Não sei se pelo adiantar da hora, pelo estado de exaustão resultante de uma semana e principalmente de um dia carregado, no que respeita ao campo laboral. Mas a composição do novo governo, ou estado sitio que se vive na Grécia, ou mesmo o baptizado do benjamim do Ronaldo, não teve tanto interesse como o facto de uma turma de universitários, futuros juízes de Portugal terem sido apanhados a copiar.


Quanto mais penso e falo do assunto, menos o entendo. O espanto público está em alunos copiarem? Isso é a novidade? A sério? Danados, esses alunos, que copiam em exames. Aí que safados!


De facto, não entendo mesmo. Eu espanto-me, com o facto de alunos apanhados a copiar, ficam “penalizados” com uma nota chata de 10. Ui que chatice, passaram a cadeira. Pensava eu, que o normal seria ficarem com o exame anulado, ou então na melhor das melhores hipóteses, ficarem com a pergunta à qual tenham sido apanhados a copiar anulada. Bem mas isso, seria assim, algo mesmo muito bom. Para quem não entenda, o meu significado de anular equivale a uma nota de 0.


Onde estamos? Em que mundo vivemos? Os jornalistas que divulgam e relatam este acontecimento (com imensos pontos de exclamação), os comentadores que dão a opinião sobre este assunto, terão feito faculdade? Começo a duvidar.


Para mim, as pessoas dividem-se em três grupos: aqueles que gostam de marrar (e seguem humanidades), os que são práticos (e seguem cientifico) e existe ainda o grupo de “coisas” que seguem áreas estranhas como artes e afins.


A questão da memória é de facto um dos meus calcanhares de Aquiles, já o confessei aqui, por várias vezes. Gostava de ser diferente, sim. Mas (e desculpem-me se não o é assim em todo o lado), do que conheço do mundo laboral (quer o meu, quer o mundo dos que me rodeiam), o importante não é saber as coisas de cor, mas sim, saber onde as podemos encontrar, consultar. Em suma, o bom profissional não é aquele que sabe fazer, mas sim, aquele que sabe como fazer. É assim que trabalho, é assim que vejo trabalhar, é assim que os meus amigos (de outras áreas de engenharia, medicina, educação, comunicação, economia, ciências e até advocacia o fazem). E aqui reside a minha maior frustração no que respeita ao ensino [nacional]. Acabei a faculdade com a certeza que não tinha aprendido a trabalhar, apenas aprendi a pesquisar e desenrascar. O que não é mau, considero fundamental para o mundo laboral (pelo menos, aquele que conheço). Quando me inscrevi no mestrado, acreditei mesmo, que sairia dali com algo produtivo, algo realmente específico, no entanto apercebi-me que mais uma vez, os nossos “melhores” professores, nunca trabalharam (leia-se nunca viveram num mundo empresarial, nunca saíram de uma faculdade, não conhecem os enredos do mundo de trabalho real) portanto, aquio que pensei que seria diferente, foi mais do mesmo.


Para mim, não é chocante que alguém copie, num exame, sobre a vida do eterno pensador e possivelmente comunista, Thomas More e, que segundo o professor da dita cadeira, um excelente aluno precise de transcrever (linha por linha, virgula por virgula) a ideia ridícula de que Utopia segundo Thomas More, é uma ilha na terra de nenhures, em que não há propriedades privadas nem dinheiro só se trabalha seis horas por dias, há escravos e o estado gere tudo. Aluno que tenha 100% nesta pergunte, ou é futuro filósofo sem cabeça ou do bloco de esquerda.


Claro que se a partida alguém que escolhe a tal área em que é necessário uma capacidade de memória bem superior a standard é minimamente caricato que necessite de um “disco externo” para passar num exame. Mas não consigo deixar de os compreender e até ser solidária com eles. Sim sei que não é bonito copiar e blá blá (penso sempre assim, quando não estou a estudar), mas é nos momentos de stress tipicas das épocas de exame, que alcanço a importância dos auxiliares de memória, mas talvez assim pense, porque sou bastante limitada.

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