Teoria da relatividade

00:38 A papaqueijo 0 Comments

Tudo gira à volta desta teoria.

O tarifário cá de casa, é o de chamadas gratuitas entre a mesma rede, para todos, excepto para a minha mãe. Comecei eu, à muito tempo atrás, para falar com o namorado e alguns amigos, o leque foi aumentando, trouxe o meu pai, mais tarde o meu irmão, avós, tios, primos e mais amigos. Quase todos possuem o mesmo tarifário. Excepto a minha mãe. Primeiro porque ela sempre que necessita de fazer alguma chamada tem o telemóvel do meu pai (que usa e abusa), em casa, tem o telefone fixo (também ele com chamadas grátis), no trabalho tem o telemóvel da minha tia (com o mesmo tarifário). E como o meu pai, acumula e acumula euros, a minha mãe (ab)usa sempre que tem oportunidade (leia-se, o telemóvel à mão). Em caso de necessidade de falar com o meu pai, ainda usa o sistema do: dá um toque e ele liga-lhe volta. Tendo ela o tarifários de carregamentos livres (mais do que suficientes para o uso que ela lhe dá). Está é a razão socialmente aceite e interiorizada por todos, para ela ser a única (ou das únicas) pessoas do meu leque de contactos (pelo menos os habituais) que não possui o tarifário com chamadas gratuitas entre a mesma rede. Mas isto é tudo relativo. A razão (a verdadeira) para nunca lhe termos dado o "empurrão" que precisa para mudar de tarifário, é simplesmente o facto de ela ser insuportável quando tem um telemóvel com chamadas gratuitas para nós, na mão. Ao fim-de-semana, à noite ou em todos os intervalos que passa junto do (telemóvel do) meu pai e eu e/ou meu irmão estamos ausentes, ela apodera-se de equipamento e não o larga.
Ela liga-me para falar da cor do céu, da forma do planeta, do dia ter 24 horas, não se importa se estou a trabalhar, se estou a dormir, ou até se preciso de ir à casa de banho. Ela liga-me e quer FALAR mesmo que do nada. Só desliga sob ameaça de eu não voltar a atender NUNCA MAIS. Depois passa ao meu irmão, que apesar de ter um filtro interno para atender apenas algumas das vezes e outras não, as vezes em que lhe saí na rifa, ter que levar com as "conversas" sem assunto da minha mãe, apenas porque apanhou a jeito o raio do telemóvel, é de lhe tirar por completo a pouca paciência que têm. Ora leva com um: "o que jantaste?" "o arroz tinha 10-20 ou 20-30 ou 30-40 ervilhas?" "misturaste as ervilhas com o arroz?" "bebeste água durante as garfadas?". 
É esta necessidade compulsiva de falar ao telemóvel, apenas porque as chamadas são gratuitas, que nos faz em assembleias familiares votar claramente, um redondo NÃO, a minha mãe mudar de tarifário. Não sou de fazer previsões, mas se fosse e tivesse que prever um futuro onde a minha mãe, mudaria de tarifário, para a mesma rede que todos, consigo prever, eu e o meu pai desempregados, por despedimento por justa causa (apenas com uma dúvida se o motivo teria sido irritação compulsiva por ter estado horas a fio a despachar a minha mãe ao telefone ou se por não seremos devidamente produtivos, por passar igualmente horas a fio ao telefone). E preveria ainda um futuro mais fatal para o meu irmão: Jovem militar usa armamento de defesa para por fim a vida, motivo: desespero.
Parece dramático, mas é uma questão de relatividade.

Outro caso para comprovar as teorias do senhor Einstein, é o facto de achar que faço proezas em correr (e já posso dizer que corro) mais de 30 minutos, achar uma enorme proeza, bater a distância percorrida, aumentando assim, a prova de esforço. Tudo isto soava-me (até ontem no ginásio) uma verdadeira maravilha e fazia-me crer que de facto estava com uma resistência quase quase ideal. Mas lá está, é relativo. Todo o meu orgulho no trabalho que tenho vindo a desenvolver, no treino árduo de fim-de-semana, soa-me agora (depois da aula do ginásio) a nada. O meu esforço é relativo (ou relativamente nulo), quando comparado com a verdadeira proeza de uma colega, que no passado domingo, fez uma excelente prova de atletismo em todo-o-terreno, onde correu 40 km (sim, leram bem, QUARENTA) em 4 horas.

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